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Vamos falar sobre depressão?

O que é depressão?

Embora muitas vezes banalizada e tratada como sinônimo de tristeza, a depressão é bem mais complexa do que isso. É uma doença que compromete sim o humor, mas também os pensamentos, os sentimentos, as emoções, o corpo físico e a maneira como o indivíduo lida com a vida.

E o que é o humor, afinal de contas? É o “plano de fundo†afetivo do indivíduo; é a disposição emocional basal que guia a percepção que a pessoa tem do mundo. Dito de outra forma, é um aspecto de nosso ser que, quando patologicamente alterado, afeta nossa vida inteira.

 

Por que falar sobre depressão?

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta mais de 264 milhões de pessoas no mundo e o Brasil – dentre os países do continente americano – encontra-se na segunda posição em prevalência da doença; perde apenas para os EUA.

A depressão ocorre mais em mulheres do que em homens e a idade de início dos sintomas é em torno dos 30 anos, porém pode ocorrer em qualquer idade.

 

Qual a causa da depressão?

Não existe somente uma. A depressão é resultado da interação e do acúmulo de diversos fatores:

♦ psicológicos (relacionamentos, personalidade);

♦ biológicos (alterações em neurotransmissores, como noradrenalina e serotonina; mudanças em certas regiões cerebrais, como amígdala e hipotálamo);

♦ ambientais (acontecimentos estressantes na infância e ao longo da vida, uso de substâncias);

♦ genéticos (histórico de depressão em parentes de primeiro grau).

 

Caracterizando melhor alguns fatores de risco para depressão, podemos citar os eventos estressantes na infância, como abusos de todo o tipo, perda de ente querido (especialmente pais e mães), abandono parental, baixo suporte social. Esses e outros eventos adversos ocorridos na infância modificam os sistemas de resposta ao estresse do cérebro, o que pode facilitar o aparecimento de transtornos depressivos e/ou ansiosos na vida adulta.

O uso de substâncias psicoativas, como álcool e drogas, também facilita o surgimento da depressão, assim como a privação de sono e perdas significativas (divórcio, desemprego, falecimento de um ente querido e até mesmo perda de uma condição financeira). O diagnóstico de doenças graves ou crônicas ou que deixem sequelas ou que causem muita dor (problemas cardíacos, neurológicos, reumatológicos, câncer, AVC, paralisias, etc) também pode facilitar o desenvolvimento de um quadro depressivo.

[ Leitura sugerida: Substâncias psicoativas;  Ãlcool, um vilão lícito  e   Por que a venda de bebidas alcoólicas é proibida para menores de 18 anos? ]

Em suma, um indivíduo geneticamente predisposto que passe por eventos estressantes na infância e na vida adulta e com baixos níveis de serotonina nos circuitos cerebrais, por exemplo, é um candidato potencial a desenvolver a depressão.

 

Quadro clínico

Os dois principais sintomas são: humor deprimido e falta de interesse (ou de prazer) em executar atividades, inclusive as que antes eram consideradas prazerosas, como os hobbies.

Somados a esses, pode haver dezenas de outras manifestações: cansaço, desânimo, irritação, apatia, desmotivação, choro fácil e frequente. Os sentimentos e pensamentos predominantes tornam-se enviesados para uma temática negativa: baixa autoestima, sensação de falta de inteligência, culpa, solidão, desesperança, angústia, tédio, vazio, falta de sentido, morte e suicídio. A ansiedade pode também estar presente.

O paciente depressivo reage mal a eventos considerados negativos, seu humor torna-se anda mais deprimido frente a essas situações. Já o oposto não acontece, isto é, o humor não melhora frente a situações consideradas positivas. O indivíduo aumenta os problemas, por assim dizer.

Pode haver prejuízo em âmbito cognitivo, como lentificação do raciocínio, redução da concentração e da memória.

Em quadros considerados leves e moderados, o paciente consegue, mesmo que com dificuldade, levar a vida em ritmo praticamente normal. Em casos graves, o indivíduo pode ficar “de camaâ€, pode parar de se alimentar ou de cuidar da própria higiene. Nesses casos, a cobrança de alguém para que o indivíduo “reaja†não costuma funcionar e pode até piorar o caso.

O apetite torna-se diminuído e há emagrecimento, embora, mais raramente, possa ocorrer aumento de apetite e de peso. O depressivo tem insônia e, quando dorme, o sono não é reparador.

Sintomas físicos também são comuns, como dores lombares, de cabeça ou pelo corpo inteiro. Há redução da libido.

A depressão é fator de risco para suicídio.

Para o diagnóstico de depressão, o paciente precisa apresentar o humor deprimido e os demais sintomas na maior parte das horas do dia e durante um período mínimo de 2 semanas. Uma ocasião isolada que entristeça o indivíduo, mas da qual ele rapidamente se recupera não configura uma crise de depressão.

 

Depressão   X   Luto

O processo de luto pela perda de um ente querido costuma provocar um quadro semelhante ao de depressão. Há tristeza, choro, irritação, medo, solidão, desânimo, raiva, angústia, desinteresse por atividades e/ou pessoas, dificuldade de concentração e memória. Como diferenciar luto de depressão?

No período imediato após o falecimento do ente querido, sentimentos e pensamentos negativos tomam conta da mente do enlutado durante a maior parte dos dias. Após algum tempo, esse quadro negativo deixa de ser onipresente e passa a reaparecer em ondas, especialmente quando o enlutado se depara com situações ou objetos que tragam a lembrança do falecido. Com o passar dos meses, o enlutado passa a assimilar melhor o acontecimento e a aceitação começa a se instalar. Nessa hora, ressurge o interesse por atividades e pessoas. Obviamente, de tempos em tempos, o enlutado lembra do ente querido, sente falta do mesmo e se entristece ao pensar no ocorrido, porém consegue seguir a vida de uma maneira menos pesarosa. O luto pode “ressurgir†em épocas específicas como datas de aniversário, determinados feriados ou data do falecimento ou mesmo quando o enlutado passa por uma fase de elevado estresse.

Na depressão, o humor encontra-se constantemente deprimido, a falta de interesse permanece, assim como os demais sintomas da doença. Também não está obrigatoriamente ligada a um evento de perda. Se você tem dúvidas sobre a sua situação, não hesite em procurar um psiquiatra ou um clínico geral para elucidar, diagnosticar e tratar, se for o caso, o seu problema de saúde. Jamais relute em pedir ajuda.

 

Tireoide

Algumas doenças podem simular um quadro depressivo. Dignas de nota são as alterações de hormônios tireoidianos. Alguns exames de sangue são suficientes para saber se a sua tireoide está funcionando corretamente; se não estiver, o tratamento adequado reverte os sintomas simuladores de depressão.

[ Leitura sugerida:  Hipotireoidismo ]

 

Prevenção

Não há uma fórmula mágica para prevenir o aparecimento da depressão, especialmente se o indivíduo apresenta vários fatores de risco para a doença. Entretanto, algumas atitudes podem sim reduzir o risco de se desenvolver o quadro. Seguem:

→ Alimente-se corretamente, com frutas, verduras, proteínas. Evite alimentos processados;

→ Exercite-se regularmente. A atividade física melhora o corpo físico, mental e emocional;

→ Cuide da qualidade do seu sono. Dormir pouco e/ou mal prejudica não só o humor, como o sistema imune, facilitando a instalação de diversas doenças;

→ Encontre maneiras de aliviar o estresse, como esporte, yoga, meditação, música;

→ Evite bebidas alcoólicas em excesso, não fume e não use drogas ilícitas ou medicamentos não prescritos para você. Todos esses podem desencadear ou piorar um quadro depressivo.

→ Busque ajuda em familiares, amigos ou profissionais de saúde quando sentir que está difícil lidar com alguma situação;

→ Fale com o seu médico sobre o bem-estar de sua “menteâ€, não só o do seu “corpoâ€;

→ Se você possui alguma fé, exerça-a. Participe das missas, reuniões, cultos e eventos de sua religião. Talvez você não saiba, mas a religiosidade e a espiritualidade são consideradas fatores de proteção em relação ao suicídio.

 

Tratamento

Existe tratamento medicamentoso, psicológico (psicoterapias) e outros. A escolha do método a ser utilizado depende da gravidade da doença, das comorbidades do paciente, dos efeitos colaterais.

Importante lembrar: nunca se automedique, nunca utilize o medicamento que sua amiga ou vizinho indicaram; isso pode ser extremamente perigoso, até mesmo fatal. O melhor tratamento é aquele acordado entre você e seu médico.

 

Eu tenho depressão, e agora?

Se você se encontra em um quadro depressivo:

• Sempre compareça às consultas com psiquiatra, clínico, psicólogo, terapeuta;

• Não abandone o tratamento quando você “achar que está melhorâ€. Os medicamentos devem ser retirados no tempo certo e gradativamente, caso contrário, as crises depressivas retornam;

• Tente não se isolar socialmente. Aceite a companhia (e a ajuda) de amigos e familiares;

• Não espere que seu humor melhore imediatamente; isso ocorrerá gradualmente com o tratamento adequado;

• Evite tomar decisões importantes – como as que envolvem casamento, divórcio, mudança de emprego ou de cidade – durante a crise de depressão. Espere o seu quadro melhorar;

• Eduque-se a respeito de sua doença. Isso ajuda a entender melhor o que se passa com você, podendo reduzir sua ansiedade e angústia.

• Se as coisas estão difíceis e você está pensando em se machucar, ligue para o 188 (CVV – Centro de Valorização da Vida) ou converse via e-mail ou chat. É gratuito, 24 horas por dia, todos os dias. Você pode ligar de qualquer região do Brasil. A conversa é sigilosa e o seu anonimato é preservado. Nunca se esqueça: você não está sozinho! Você não precisa enfrentar sua dor sozinho!

 

Autoria: Tayná

Maio/2021

Fontes:

Livro Coleção de Clínica Médica da Universidade de São Paulo, 2a edição

Ministério da Saúde, disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z-1/d/depressao#:~:text=De%20acordo%20com%20estudo%20epidemiológico,associada%20a%20um%20transtorno%20físico.>

Organização Mundial da Saúde, disponível em: <https://www.who.int/health-topics/depression#tab=tab_1>

Harvard Health Publishing, disponível em: <https://www.health.harvard.edu/mind-and-mood/what-causes-depression>

National Institute of Mental Health, disponível em: <https://www.nimh.nih.gov/health/topics/depression/>

Grief and bereavement: what psychiatrists need to know, disponível em: <https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/j.2051-5545.2009.tb00217.x>

Centers for Disease Control and Prevention – CDC, disponível em: <https://www.cdc.gov/tobacco/campaign/tips/diseases/depression-anxiety.html#three>

Centro de Valorização da Vida – CVV, disponível em: <https://www.cvv.org.br>

Imagens disponíveis em:

<https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-do-conceito-de-depressao_10386538.htm#page=1&query=depressao&position=0>

<https://br.freepik.com/vetores-gratis/mulher-dando-conforto-e-apoio-ao-amigo_7732674.htm#page=1&query=sad&position=25>

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