A sÃfilis (à s vezes chamada de lues) é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum. A transmissão se dá por via sexual e por via vertical, que é quando a grávida transmite ao bebê durante a gestação ou no momento do parto.
Treponema pallidum
A sÃfilis tem cura, mas se não for adequadamente tratada, pode acometer diversas regiões do corpo, incluindo o sistema nervoso e o cardiovascular.
[leia mais sobre sÃfilis na gestação e sÃfilis congênita aqui]
Um pouco de História…
A sÃfilis é uma doença bastante antiga na história da humanidade. Nas grandes navegações dos séculos XV e XVI, a doença se espalhou pela Europa, atingindo desde a população mais pobre até reis e outras figuras de poder da época. Foi por bastante tempo considerada castigo divino e o estigma afetava famÃlias inteiras, pois era tida como doença hereditária. Apenas em 1905 é que se concluiu que o agente causador era uma bactéria e somente na década de 1940 a cura foi encontrada, com a descoberta da penicilina.
Alexander Fleming, que recebeu o Prêmio Nobel pela descoberta da penicilina
Classificação da sÃfilis
A sÃfilis é dividida em estágios porque a doença adquire caracterÃsticas distintas conforme o tempo de infecção.
SÃfilis primária
Fase inicial da infecção, caracterizada pela presença do chamado cancro duro (ver detalhes em quadro clÃnico).
SÃfilis secundária
Ocorre semanas a meses após a cicatrização do cancro. O principal órgão acometido nesta fase é a pele.
SÃfilis terciária
Ocorre em 15% a 25% dos casos não tratados. As manifestações aparecem entre 1 a 40 anos após o inÃcio da infecção e podem acometer pele, olhos, articulações (“juntasâ€), ossos, sistemas cardiovascular e neurológico.
SÃfilis latente
PerÃodo em que não se observa nenhum sinal ou sintoma da doença. Esse estágio é chamado de recente quando há menos de 1 ano de infecção e de tardio quando passa de 1 ano. Apesar de não haver quadro clÃnico aparente nesse estágio, a doença pode ser diagnosticada por meio de exames de sangue.
Quadro clÃnico
A maioria dos indivÃduos não apresenta sintomas e, portanto, podem transmitir a doença sem saber.
O quadro clÃnico da sÃfilis primária caracteriza-se pela presença de lesão ulcerosa (cancro duro) e de “Ãnguasâ€.
Dias após a relação sexual que transmitiu a bactéria, o indivÃduo apresenta uma úlcera na região de entrada do treponema, seja essa genital, anal ou oral. Essa úlcera é chamada de cancro duro e caracteriza-se por ser uma lesão única, avermelhada ou rósea, brilhante, com bordas elevadas e endurecidas, que não coça, não arde e não dói. Pode estar em local bem visÃvel ou em locais menos óbvios, como dobras de pele ou dentro do canal vaginal.
 Cancro DuroÂ
O cancro duro desaparece em algumas semanas, mesmo sem tratamento, mas isso não resolve o problema, já que a bactéria continua no corpo do indivÃduo e seguirá com o curso da doença caso não seja tratada.
Já na sÃfilis secundária, os sintomas são majoritariamente cutâneos. Semanas após a cicatrização do cancro duro, aparecem manchas em lugares especÃficos do corpo ou difusamente. Costumam ser vermelho-acastanhadas e podem descamar com o tempo. Além das manchas, podem surgir febre baixa, mal estar e dor de cabeça.
Por fim, anos após a infecção inicial, podem surgir as manifestações da sÃfilis terciária, que são variadas: lesões cutâneas destrutivas, artrites, problemas nos ossos, na aorta, nos vasos coronários (do coração), meningite, cegueira, manifestações psiquiátricas, demência, paralisia e até morte.
 Exemplo de lesão destrutiva na região do nariz
Transmissão
A transmissão é mais fácil nos estágios de sÃfilis primária e secundária. Isso porque as lesões caracterÃsticas desses estágios são ricas em treponemas e estes são capazes de penetrar as mucosas e a pele não Ãntegra. Como já dito, a transmissão se dá por via sexual e o local de entrada do treponema pode ser vaginal, anal, peniano, oral e até mesmo cutâneo (caso a pele não esteja Ãntegra).
Importante dizer que úlceras genitais (seja da sÃfilis ou de outras ISTs) facilitam a penetração do vÃrus HIV. (ver texto sobre HIV aqui)
Diagnóstico
Na suspeita clÃnica de sÃfilis, o seu médico solicitará exames de sangue para confirmar o diagnóstico. Atualmente existe, inclusive no SUS, o teste rápido para sÃfilis, que mostra o resultado em minutos e permite o inÃcio imediato do tratamento.
Tratamento
O tratamento da sÃfilis é normalmente feito com penicilina e a dose varia conforme o estágio da doença. É extremamente importante que o(a) parceiro(a) sexual do(a) paciente seja contatado(a) para que receba também o tratamento e encerre a cadeia de transmissão da doença.
Lembre-se de que a sÃfilis não tratada pode evoluir para o estágio terciário e causar danos em diversos sistemas do organismo, inclusive levando à morte. Portanto, se você apresenta ou apresentou alguma lesão genital e não procurou assistência médica, faça-o imediatamente. Assim você cuida de sua vida sexual e da de seus parceiros também.
Autoria: Tayná
Dezembro/2021
Fontes:
Protocolo ClÃnico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral à s Pessoas com Infecções Sexualmente TransmissÃveis (IST), Ministério da Saúde, 2020.
Livro Coleção de ClÃnica Médica da Universidade de São Paulo, 2a edição
BBC News Brasil, disponÃvel em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-44844848>
Imagens disponÃveis em:
<http://www.biomedicinaemacao.com.br/2017/06/a-epidemia-de-sifilis-no-brasil.html>
<https://www.infoescola.com/biografias/alexander-fleming/>
<https://www.drakeillafreitas.com.br/sifilis-sintomas-saiba-mais-sobre-a-doenca>
<https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/sifilis/>
<http://eyerounds.org/atlas/pages/Syphilis-and-trachoma.html>