Abortamento é a interrupção da gestação antes que o bebê atinja um grau de desenvolvimento que o permita sobreviver fora do útero. Isso ocorre mais frequentemente do que se pensa, já que uma em cada 4 mulheres terá um abortamento durante sua vida reprodutiva.
Por que os abortamentos ocorrem?
Na maior parte das vezes o que ocorre são alterações cromossômicas, ou seja, erros na duplicação do DNA, que acabam gerando padrões genéticos incompatíveis com a vida. Mesmo que não haja nenhuma alteração cromossômica, existem condições que podem facilitar a ocorrência de abortamento. Algumas delas são:
– abortamentos prévios;
– idade materna avançada;
– gestante muito magra ou com sobrepeso (IMC<18,5 ou >25);
– malformações uterinas (defeitos na anatomia do útero que a mulher apresenta desde o nascimento);
– mioma uterino;
– diabetes mal controlado;
– doenças tireoidianas;
– síndrome dos ovários policísticos;
– distúrbios do sistema imune (síndrome do anticorpo antifosfolípide);
– tabagismo;
– uso de álcool;
– uso de drogas ilícitas;
– infecções: rubéola, hepatite B, HIV, gonorreia, sífilis, toxoplasmose, estreptococos do grupo B e outras.
Quadro Clínico
O quadro clínico depende do estágio clínico do abortamento.
Se for uma ameaça de abortamento, há sangramento vaginal em pequena quantidade e cólicas fracas (ou ausentes) no baixo-ventre. A ameaça pode ou não evoluir para abortamento de fato.
Imagem representando uma ameaça de abortamento. Existe sangramento, porém o bebê se encontra vivo
Se for um abortamento completo, a eliminação do feto já ocorreu e a paciente chega ao hospital referindo melhora da cólica e do sangramento. Algumas mulheres chegam a referir saída de material amorfo pela vagina.
Existe ainda o abortamento infectado, que normalmente é resultado da manipulação da cavidade uterina em tentativas de provocar abortamento de forma ilegal. A infecção inicia-se no endométrio, podendo evoluir para a cavidade abdominal como um todo, causando choque séptico, insuficiência renal, problemas respiratórios e até mesmo a morte. Cerca de 13% das mortes maternas no mundo são devidas a tentativas clandestinas de abortamento.
No abortamento retido, ocorreu a morte do concepto, mas não houve sua eliminação. Em geral, a paciente encontra-se assintomática, não há dilatação no colo uterino e o tamanho da “barriga” não aumenta mais, podendo até involuir.
Imagem representado abortamento retido
Diagnóstico
Além do exame físico, o exame de ultrassom é essencial para diagnosticar o abortamento, bem como para classificá-lo em suas formas clínicas supracitadas (completo, incompleto, retido, etc).
Tratamento
Depende do estágio clínico do abortamento. No abortamento infectado, há necessidade de internação para administração de antibióticos, controle da volemia e da função renal. No caso do abortamento retido, é mandatório o esvaziamento uterino por meio de técnicas como aspiração manual ou curetagem.
Autoria: Tayná
Maio/2022
Fonte:
Zugaib Obstetrícia, 3a ed
Imagens disponíveis em: