Você sabe definir ansiedade?
Se olharmos a definição do dicionário, a impressão que temos é de que a ansiedade é um conjunto de sensações desagradáveis que não tem utilidade alguma além de nos fazer mal, porém isso não é verdade. O ser humano convive com a ansiedade desde os primórdios de seu desenvolvimento e ela tem sim o seu objetivo em nossas vidas.
Por mais desagradável que seja, a ansiedade é uma espécie de sistema de alerta do nosso corpo, ela é acionada toda vez que estamos diante de uma situação nova, de um perigo ou ameaça iminente ou mesmo da possibilidade de sentir dor. A ansiedade nos faz precavidos, isto é, ela nos “incentiva” a tomar atitudes preparatórias para enfrentar a situação que virá, qualquer que esta seja.

No tempo das cavernas, o ser humano sentia-se ansioso em ocasiões como enfrentamento de animais selvagens ou situações climáticas extremas. Hoje em dia, as circunstâncias que nos causam ansiedade variam desde uma apresentação pública de trabalho até a confrontação de situações de violência.
Dito isso, podemos definir ansiedade como um estado mental vago e difuso de apreensão que serve para alertar o indivíduo sobre a possibilidade de um perigo ou ameaça iminente. Todos nós sentimos ansiedade, pois ela é parte do desenvolvimento normal do ser humano.
E quando a ansiedade passa a ser patológica?
Quando ela se encontra aumentada em intensidade e/ou em duração, causando grande sofrimento ao indivíduo, bem como prejuízos sociofuncionais. Vamos entender melhor por meio de exemplo:
É normal o aluno sentir-se ansioso porque terá que apresentar o TCC no final do curso? Certamente que sim! Agora, é normal o aluno desistir da faculdade para evitar de apresentar o TCC? É normal que a ansiedade gerada pela simples ideia de apresentar o TCC seja tão grande que o aluno prefira desistir do curso? Não! Essa é uma ansiedade considerada patológica, ou seja, provavelmente estamos lidando com um transtorno de ansiedade aqui.
Vamos falar sobre alguns transtornos de ansiedade para entendermos a ansiedade patológica na prática:
TAG – Transtorno de ansiedade generalizada

Você talvez já tenha conhecido alguém com TAG. É aquela (geralmente) mulher que está preocupada e estressada o tempo todo e que sente ansiedade em relação a praticamente tudo na vida: filhos, trabalho, escola, bens materiais, futuro, situação financeira, etc. Parece que não relaxa nunca, está sempre a ponto de “explodir” e com os “nervos à flor da pele”. Frequentemente irritada, dorme mal, tem dificuldade de concentração e de memória, apresenta dores no corpo e tensão muscular…
Como o próprio nome do transtorno explica, o TAG implica ansiedade na maior parte do tempo e a respeito de praticamente todas as situações de vida. Desnecessário dizer que o paciente não gosta de se sentir ansioso o tempo todo, que isso o incomoda, o faz sofrer física e psiquicamente.
Ataque de pânico e transtorno de pânico
A maneira mais fácil de entender o ataque de pânico é visualizar “todo o estoque” de ansiedade de uma pessoa ser “descarregado” em um curto período de tempo. Surgem sintomas como: falta de ar, taquicardia (coração acelerado), tontura, dor no peito, sensação de que vai desmaiar, formigamentos em mãos e/ou pés, tremores, sensação de estar fora do corpo, medo de “perder o controle”, medo de enlouquecer, medo de ter um “ataque cardíaco”, medo de morrer. Tudo isso de uma vez só e em poucos minutos.
O transtorno de pânico é caracterizado pela ocorrência frequente e espontânea desses ataques.
Os ataques de pânico podem ocorrer em outros transtornos psiquiátricos que não o transtorno de pânico; podem inclusive ocorrer em indivíduos sem transtorno algum. Isso implica dizer que não devemos automaticamente diagnosticar como tendo transtorno de pânico a pessoa que tem um ataque isolado.
Fobias
Fobia é o medo intenso e desproporcional de um objeto, animal ou situação. Alguns exemplos são: sangue, agulha, avião, altura, insetos, lugares fechados.
Não só o contato com a situação temida gera ansiedade, como o vislumbre de contato provoca a chamada ansiedade antecipatória.
Na fobia social, o indivíduo sente-se ansioso ao desempenhar atividades em público por receio de ser julgado, rejeitado, humilhado, de passar vergonha ou mesmo de ofender os outros sem intenção. Exemplos são: falar em público, escrever em público, comer na frente dos outros, ir a festas, etc.

Caso tenha que realizar a atividade temida, o indivíduo apresenta diversos sintomas: respiração ofegante ou falta de ar, coração acelerado, rosto avermelhado, náuseas, dor de barriga, tensão muscular, tontura e vontade de sair o mais rápido possível do local.

Um agravante ao quadro de fobia social são as chamadas “muletas” em que o paciente se apoia para amenizar seu sofrimento. A muleta mais clássica é o álcool. Imagine uma situação em que um jovem com fobia social gosta de uma garota mas não consegue conversar com ela devido a seu quadro intenso de ansiedade. Esse jovem percebe que, se ele tomar um ou dois goles de bebida alcoólica, se sentirá mais desinibido, mais corajoso e mais relaxado. Pensando haver encontrado a solução para seu problema, o jovem passa a usar cada vez mais álcool e passa a enfrentar as situações sociais temidas apenas após a ingestão de bebidas alcoólicas. Estamos diante de um alcoólatra “em formação”… os alcoólatras de hoje começaram bebendo “só um pouquinho” nas festas e eventos. De pouco em pouco e com o passar do tempo, o indivíduo, além de não ter o seu problema de ansiedade resolvido, passa a apresentar outro extremamente grave, que é a dependência alcoólica.
O álcool não é cura ou tratamento para nenhum transtorno de nenhuma ordem, ele apenas mascara os sintomas ansiosos, enganando o indivíduo enquanto causa males diversos em seu organismo.
[Leitura sugerida: álcool, substâncias psicoativas, depressão]
Existe tratamento para os transtornos ansiosos?
Sim! Existe tratamento para todos eles, seja por meio de psicoterapia ou por meio de medicamentos, todos podem ser controlados de maneira bastante satisfatória, reduzindo o sofrimento que o paciente ansioso frequentemente sente.
Se você acredita que tem um transtorno ansioso, procure um psiquiatra para confirmar ou não o diagnóstico e para receber o tratamento mais adequado a seu caso.
Autoria: Tayná
Agosto/2021
Referência:
Livro Coleção de Clínica Médica da Universidade de São Paulo, 2a edição
Imagens disponíveis em:
<https://www.flaticon.com/free-icon/caveman_773328>
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