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Maconha

Qual a diferença entre maconha, Cannabis, canabinoide e canabidiol?

Cannabis é o nome de uma planta que possui 3 subespécies: Cannabis sativa, Cannabis indica e Cannabis ruderalis.

Canabinoides são substâncias derivadas dessa planta, podendo ter efeitos medicinais ou psicoativos.

 

Maconha é o nome dado à droga derivada da Cannabis. É uma substância psicoativa classificada como perturbadora do sistema nervoso central. O canabinoide responsável por grande parte dos efeitos psicoativos da maconha é o THC (tetrahidrocanabinol). O famoso “baseado” é a forma mais comum de consumo da maconha e configura-se no fumo das folhas desidratadas da Cannabis.

 

Por ser o processo de produção da maconha ilegal, não regulamentado e descuidado, é comum que haja contaminação por fungos, insetos e substâncias químicas, o que coloca o usuário em contato com outras substâncias potencialmente nocivas, além da própria droga. A maconha ingerida em forma de bolos, doces e bolachas também produz efeitos psicoativos, porém esses demoram mais tempo para se manifestar no corpo e duram mais tempo, se comparados com os da droga fumada.

O canabidiol (CBD) é também um canabinoide, sendo o principal responsável pelas propriedades medicinais da planta.

 

 

Existe “maconha medicinal”?

Como explicado anteriormente, não é correto o termo “maconha medicinal”, pois maconha é o nome que se dá à droga ilícita, que não possui propriedades terapêuticas. Agora, da planta Cannabis, podem-se extrair mais de 100 canabinoides, alguns com propriedades medicinais, sendo o mais relevante o CBD ou canabidiol, citado acima.

Sabe-se que preparações de Cannabis já eram utilizadas para fins medicinais na China de 2700 a.C. para distúrbios da menstruação, problemas nas articulações e outros.

Em 2015, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso controlado do CBD no Brasil e, em 2019, aprovou a venda de canabinoides em farmácias nacionais. Como o plantio de Cannabis é ilegal no país, esses produtos são importados.

Em 2018, os EUA aprovaram o uso de um medicamento oral à base de CBD para o tratamento de formas raras de epilepsia refratária (convulsões graves que não respondem à terapêutica convencional). Nesses casos, o canabidiol parece funcionar adequadamente, especialmente em crianças.

O CBD vem sendo utilizado também para tratamento de náuseas e vômitos, especialmente os provocados após quimioterapia, em pacientes em tratamento para câncer.

Existem estudos sobre uso de CBD em várias outras doenças, como Alzheimer, Síndrome de Tourette, transtornos ansiosos e depressivos, mas muitos apresentam conclusões antagônicas ou foram feitos sem muito rigor científico, o que impossibilita conclusão efetiva sobre a eficácia do canabidiol para o tratamento dessas condições.

 

 

Um pouco de dados…

Segundo dados da ONU, em 2020, 284 milhões de pessoas – entre 15 e 64 anos de idade – utilizaram drogas nos 12 meses anteriores. Isso corresponde a uma em cada 18 pessoas e a um aumento de 26% em relação ao ano de 2010. Dentre essas drogas, a maconha reina soberana em primeiro lugar no ranking das mais consumidas. O número de usuários dessa droga vem aumentando e atingiu 209 milhões de pessoas, em 2020. Estima-se que 9% das pessoas que experimentam maconha se tornarão dependentes em algum momento de suas vidas.

Como mostra a figura abaixo, os homens jovens são o maior público consumidor da maconha.

Ainda segundo dados da ONU, na América do Sul, entre os usuários de maconha, 71% são homens e 29% são mulheres.

 

 

Por que as pessoas usam drogas?

O primeiro contato com drogas normalmente ocorre por curiosidade ou por pressão social. Já o uso habitual de drogas se dá por influência de diversos fatores: busca por diversão e relaxamento, enfrentamento de problemas, adequar-se a situações sociais, etc.

Existem condições sociais e de saúde que, se presentes, também contribuem para o consumo de drogas. São elas: transtornos de ansiedade, depressão, deficit de atenção e hiperatividade, transtorno de personalidade antissocial, abusos sofridos na infância, dentre outros.

No que se refere à maconha, tem-se ainda o fato de ser facilmente encontrada (inclusive legalmente em alguns países) e de ser considerada por leigos como uma droga que não causa prejuízos.

 

 

Efeitos da maconha no organismo

Os efeitos da “viagem” da maconha são variáveis, a depender do indivíduo, da dose consumida, da quantidade de THC na amostra, dentre outros fatores.

Inicialmente tem-se uma sensação de formigamento no corpo e na cabeça e tontura, seguidos de alteração no humor (“rir à toa”) e sensação de relaxamento. Pode haver sonolência e sensação de estar fora da realidade.

Ocorrem também efeitos fisiológicos como: vermelhidão nos olhos, aumento do apetite (“larica”), sensação de boca seca, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos (taquicardia).

Em termos de funções cognitivas, ocorre prejuízo na atenção, na memória, no julgamento, aumento no tempo de reação, alteração na percepção do espaço e do tempo. Podem ocorrer alucinações quando do consumo de doses elevadas.

Alguns indivíduos apresentam a chamada “bad trip”, que inclui sensações de ansiedade, pânico, paranoia e psicose. Esse tipo de reação é mais comum em usuários iniciantes e nos que já eram previamente ansiosos.

Os efeitos da maconha são piores quanto mais precoce for a idade de uso, mais prolongado for o tempo de uso e maior for a dose de THC nas amostras consumidas.

O início precoce de uso da droga (infância e adolescência) tem capacidade de alterar o desenvolvimento cerebral, promovendo alterações na cognição, na inteligência, na memória e nas emoções.

A maconha afeta o sono; o indivíduo dorme mas fica com a sensação de que não descansou. Isso, obviamente, provoca prejuízos na atenção, na memória, no desempenho laboral ou acadêmico e também alterações de humor.

Em termos de saúde mental, a maconha pode desencadear quadros de psicose e esquizofrenia, especialmente em adolescentes e em indivíduos com predisposição genética. A droga também é associada a maiores taxas de suicídio, especialmente em adolescentes e adultos jovens.

Outro efeito é a síndrome amotivacional, que representa um estado de indiferença, apatia, baixa concentração, dificuldade em seguir rotinas, desânimo de honrar com os compromissos, baixa ambição para novos objetivos de vida. Com o tempo, a síndrome passa a afetar também a autoestima do paciente.

Um estudo com mais de 20 mil adolescentes evidenciou que os usuários de maconha têm risco 37% maior de desenvolver depressão, risco 50% maior de apresentar ideação suicida e risco 3x maior de tentar o suicídio.

O “barato” da maconha, ou seja, a sensação de relaxamento, alegria e despreocupação é um dos principais motivos pelos quais as pessoas usam a droga, porém, o que muitos não sabem, é que o uso continuado pode causar tolerância, isto é, doses cada vez maiores são necessárias para produzir o mesmo efeito. E assim, obviamente, quanto mais o indivíduo usa a droga, maiores as chances de desenvolver dependência.

Sabe-se que a maconha facilita o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e respiratórias, como asma, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e pneumonia. Um estudo com quase 50 mil pessoas na Suécia descobriu que usuários pesados de maconha apresentam duas vezes mais chance de desenvolver câncer de pulmão.

A maconha pode causar queimaduras e irritação na boca e na garganta, pode promover sintomas como tosse, catarro, dor no peito.

Existem na maconha substâncias carcinogênicas (causadoras de câncer) em grande número (50 a 70% mais do que o cigarro).

 

 

Quem tem mais chance de se tornar dependente de maconha?

Estudos evidenciam que: ser jovem, do sexo masculino, iniciar uso de maconha em idade precoce, utilizar outras drogas e apresentar transtornos psiquiátricos são fatores que aumentam o risco de dependência da maconha.

 

 

Legalização?

Discussões sobre legalização do uso recreativo da maconha acontecem há anos e a nível mundial. Muitos são os argumentos contra e muitos são os a favor.

Caso seja legalizada, algumas questões têm de ser endereçadas, tais como: permitir o uso somente para maiores de idade; implementar políticas de regularização da venda, de controle de qualidade do produto, de prevenção de contaminantes.

Segundo o relatório da ONU supracitado, o uso da maconha e a frequência do uso tem aumentado nos países e estados que legalizaram seu uso não medicinal. É o caso de Canadá, Uruguai e EUA. Percebeu-se também, entre os usuários regulares de maconha, um aumento nos distúrbios psiquiátricos e no suicídio. As taxas de suicídio em população jovem nos EUA aumentaram nos últimos anos e são mais altas nos estados em que ocorreu a legalização da maconha.

A experiência nos países mencionados mostrou que o mercado ilegal da droga continuou a existir mesmo após a legalização. Um dos motivos para o usuário comprar no mercado ilegal é o preço mais barato, pois não há impostos embutidos no valor final do produto.

 

 

Maconha sintética

Recentemente a maconha sintética (apelidada de “K2”, “K9” ou spice) encontrou espaço nos noticiários brasileiros. Os canabinoides sintéticos já existem há muitos anos dentro dos laboratórios de estudo científico, porém ultimamente vêm tomando espaço também no mercado ilegal de drogas e se disseminando pelo mundo.

Com a promessa de um “barato” mais intenso e preço mais acessível, a maconha sintética tem atraído principalmente os jovens. Entretanto, sua toxicidade é maior do que a da maconha convencional, podendo o indivíduo apresentar efeitos graves como psicoses, alucinações, comportamentos violentos, depressão respiratória, hipertermia, convulsões, problemas renais, isquemia cerebral e até parada cardíaca. Além, é claro, do risco de dependência.

 

 

Autoria: Tayná

Maio/2023

Imagens disponíveis em:

https://br.freepik.com/fotos-gratis/closeup-de-folha-de-maconha-cannabis_5218112.htm#query=maconha&position=3&from_view=search&track=sph

https://www.infoescola.com/drogas/maconha/

https://br.freepik.com/fotos-gratis/variedade-de-garrafas-de-oleo-de-cannabis_14493699.htm#page=2&query=maconha&position=16&from_view=search&track=sph

https://www.ipa-brasil.org/-/k2-spice-a-droga-sintetica

Referências:

Clínica Médica – USP, 2ed, 2016

Maconha: prevenção, tratamento e políticas públicas, 2021

Clínica Psiquiátrica – USP, 2ed, 2021

https://www.unodc.org/unodc/data-and-analysis/world-drug-report-2022.html

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