O Universidade na Escola, que começou em 2016 na UFPR Litoral, vai funcionar em todos os campi avançados da Universidade Federal do Paraná. A previsão é que a ação também esteja funcionando em Jandaia do Sul, Palotina e Toledo a partir de 2022. O objetivo é criar relações mais próximas com escolas de Ensino Médio das cidades em que a UFPR está instalada, democratizando o Ensino Superior e as informações sobre a universidade entre os estudantes.
A ampliação das ações resultará na institucionalização de um programa de extensão coordenado pela Diretoria de Desenvolvimento e Integração dos Campi da UFPR (Integra/UFPR) e conta com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, Superintendência de Comunicação e Agência Escola de Comunicação.
As primeiras reuniões com as instâncias da administração central e representações dos campi avançados (direções e servidores docentes e técnico-administrativos) foram realizadas para organizar o início do projeto nas cidades no ano que vem, com a previsão de arrefecimento da pandemia. “As metodologias vão ser adaptadas a cada localidade. Ainda estamos em uma fase de indicação de servidores de cada polo para atuar no projeto. Haverá programação de formação destes responsáveis e produção de material gráfico e site específico do programa, em parceria com a Sucom (Superintendência de Comunicação)”, afirma o professor Renato Bochicchio, diretor do Integra.
Relação com as escolas
O Universidade na Escola prevê visitas de alunos da UFPR às escolas de Ensino Médio para falar sobre o cotidiano no Ensino Superior, o ambiente e a rotina universitários e os programas de apoio à permanência estudantil, como os restaurantes universitários, as bolsas e os auxílios.
“É um modelo de longo prazo, de uma relação mais permanente com a escola. É uma perspectiva de não apenas divulgar os cursos, mas de valorizar os elementos da universidade pública que potencializam o aprendizado, a formação dos estudantes, não só tecnicamente, mas também como cidadãos: preparados para o mundo e para o mundo do trabalho”, afirma Renato Bochichio, diretor do Integra UFPR.
Campi no interior
A diretora do campus Toledo, professora Cristina de Oliveira Rodrigues, afirma que divulgação da presença do campus na região fortalece a universidade fora da capital. “Embora a nossa universidade seja muito conhecida no Paraná e no Brasil, muitos não sabem que temos um campus em Toledo. Nós temos um campus consolidado, com curso de Medicina, mas gostaríamos que todos os estudantes da região soubessem disso: que é um curso gratuito, que é um curso de excelência, que a nossa universidade é centenária e tem muitos programas de apoio à permanência do estudante, especialmente aqueles com fragilidades socioeconômicas”, disse.
De acordo com o diretor do campus avançado de Jandaia do Sul, professor José Eduardo Padilha de Sousa, a iniciativa vai possibilitar uma maior inserção na comunidade externa e na divulgação de projetos e iniciativas. “As diversas unidades descentralizadas da UFPR no interior têm um papel não somente de levar ensino superior de qualidade para todos os cantos do Paraná, mas também um papel social de transformação da realidade da comunidade que está inserida. Nesse aspecto o projeto Universidade na Escola, terá um papel fundamental nessa aproximação com a comunidade local, tirando a universidade de seus muros, e levando o que temos de melhor para dentro das escolas”.
A expectativa no setor Palotina é de aumentar a visibilidade da universidade na região. “Levará ao contexto escolar as atividades desenvolvidas por nós, na universidade, e que contribuem para despertar a curiosidade e fornecer informações sobre nossos cursos”, afirma a diretora Yara Moretto.
Histórico
O Universidade na Escola foi idealizado pelo professor Marcelo Chemin e começou a funcionar em 2016. A ideia surgiu depois de uma pesquisa realizada pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Litoral Social e apresentada na Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) de 2015. A pesquisa foi realizada com estudantes de ensino médio do litoral paranaense entre os anos de 2013 e 2015 e apontou que os jovens tinham interesse em continuar os estudos, mas desconheciam oferta de ensino superior na região.
“Abrimos então uma rodada de relatos para saber como tinha sido a experiência de cada um dos membros da nossa equipe enquanto estudantes do ensino médio. Foi um momento interessante porque entre nós, tutor e discentes, a experiência tinha sido muito semelhante: éramos todos oriundos de escolas públicas, nossas instituições não trabalhavam em sala de aula ou outras ocasiões as informações sobre o ensino superior e a vida universitária. Foi exatamente neste momento que entendemos que seria uma grande oportunidade trabalhar um projeto de extensão nos colégios da região”, relembra o professor Marcelo.
O objetivo era de que o vestibular não deveria ser o único foco da troca de experiência com os jovens, mas que era preciso mostrar a universidade como uma possibilidade para todos. “O Ensino Superior é uma realidade de pouquíssimas famílias no Brasil (…). Informações qualificadas sobre o ensino superior são raras nas famílias e nos colégios. Por esse motivo, reforçamos a importância do projeto Universidade na Escola e o nosso compromisso com os jovens, muitas vezes desassistidos, que carecem de informações a respeito do vestibular, da universidade e das políticas afirmativas de ingresso e permanência numa instituição de Ensino Superior”, reforça.
Durante as conversas nas escolas, os estudantes da UFPR familiarizavam os jovens com a oferta de Ensino Superior no litoral, apresentavam a UFPR e os cursos oferecidos pelo Setor Litoral e pelo Centro de Estudos do Mar (CEM) e orientavam sobre o ingresso e permanência na universidade. “É bom para transmitir uma perspectiva diferente, uma visão diferente, uma visão de: poxa eu posso fazer um curso que eu gosto, eu posso continuar minha vida, eu não vou sair do Ensino Médio e […] trabalhar a vida inteira sem uma visão de progressão. Eu consigo estudar, eu consigo chegar lá […]”, afirmou um dos estudantes participantes em 2019.
No total, 35 escolas, de 7 municípios, foram atendidas, com quase 5 mil estudantes atendidos. Entre os resultados, houve a maior procura pelos cursos da UFPR no litoral do estado. “Eu fiquei conhecendo cursos que eu queria fazer que tinham aqui, que não tinha necessidade de ir para outro estado, não tinha necessidade de ir para outra cidade”, relatou um dos estudantes em 2019.
“Nos deparamos com a realidade socioeconômica desses jovens, com suas vivências diárias e assim compreendemos o verdadeiro sentido da universidade pública. Este contato real com a comunidade local, essa troca de saberes, nos permite intervir de maneira positiva na vida de milhares de jovens e acredito que este seja o elemento fundamental da atividade”, conta Layliene Kawane, que participa do projeto no litoral desde 2018. Layliene é aluna da UFPR, mas foi aluna de escola pública e vem se uma família de baixa renda. Ela diz que a maior alegria é encontrar um destes alunos de Ensino Médio andando pelos corredores da universidade como alunos. “E assim a gente percebe a importância dessa atividade, a importância do nosso papel nessa ação, a importância das políticas afirmativas de acesso e permanência, a importância da difusão dessas informações para que mais e mais gente consiga acessá-las Continuamos nessa jornada em prol da democratização do ensino superior levando esperança para estes jovens”, finaliza.
Fonte: Portal UFPR